PUBLICIDADE

Quando a piada perde a graça

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Mãe luta para que ‘meme’ com foto de seu filho seja retirado das redes sociais
Por  Vinicius Silva - Biólogo


Alguns filósofos em suas proposições estabelecem uma ligação entre as palavras “humor” e “humilde”. Exemplos vivos dessa conexão podemos encontrar num passado remoto e até num mais recente. Numa forma primitiva de humor, os palhaços e bobos precisavam experimentar uma boa dose de humildade para arrancarem risos do público, já que esvaziavam-se completamente de qualquer senso de preservação de autoimagem. Em suma, para encarnarem devidamente seus personagens, precisavam não se levar tão a sério para levar seu público a fazer o mesmo, tornando a vida mais leve.

Hoje, vemos uma distorção desses valores quando alguns “humoristas modernos” invertem a ordem natural das coisas, procurando despertar risos alheios redirecionando essa humilhação para outros alvos, o que torna esta variante uma maneira fácil na prática humorística. Ora, para que eu preciso me humilhar e fazer o público rir de mim mesmo, quando eu posso simplesmente expor ao ridículo aqueles que parecem já ter vindo ao mundo como “piadas prontas”?

O problema é que se isso no passado era visto como algo natural, hoje (felizmente) é tratado como bullying, uma prática repulsiva que engloba diversas formas de exclusão, dentre elas a humilhação pública. Essa forma grotesca de humor leva seus adeptos a fazer pouco caso de OUTROS, o que resulta numa piada que para suas vítimas, pode não ser NADA engraçada. Ainda mais quando o tema dela é uma anomalia biológica SÉRIA, e o portador desta é ninguém menos que uma criança.

Foi o que aconteceu com a americana Alice-Ann Meyer. Navegando por uma rede social, inesperadamente deparou-se com um meme, desses que a gente vê viralizando pela rede. Acontece que a foto era de seu filho, portador da síndrome de Pfeiffer, que acomete uma entre cada 100 crianças. Por conta dessa síndrome, o desenvolvimento craniano é afetado, o que se mostra nitidamente nos traços faciais do indivíduo. Alice-Ann nunca teve qualquer vergonha disso (e nem deveria ter), e não via mal nenhum em postar as fotos de seu filho na rede. Acontece que alguém achou “graça’ na foto, criando um meme onde o pequeno Jameson era comparado a um cão da raça pug.

Como se não bastasse, diante de qualquer tentativa de Alice-Ann em denunciar os infratores, um outro meme surgia logo em seguida. Ela então decidiu criar uma página na rede explicando às pessoas que aquilo era uma doença, e não uma piada, reiterando o pedido para que parassem de postar as fotos. Felizmente, muitos se sensibilizaram, pedindo desculpas à Alice-Ann, justificando-se que, ao compartilhar o meme (pasmem) “não sabiam que se tratava de uma criança real”.

Fontes: bbc/ abcnews  Imagens: Reprodução

0 comentários:

Postar um comentário




Receba Novidades por E-Mail

Digite seu Email para receber nossas atualizações:
Google+


Delivered by FeedBurner

Seguidores